A historia de Joao & Maria parte 09

Toda noite Thales chegava embriagado e com marcas de batom e perfume barato dizia que não precisava dela porque tinha todas aos seus pés. 
No sul... 

Ninguém mais tocou no assunto, acharam melhor entregar nas mãos de Deus e tocar a vida quase normalmente.
Dona Helena sempre  com a certeza de que um dia encontraria sua menina, uma intuição de que estaria  viva e isto lhe dava forças para sobreviver.
Carla e Milena sempre visitava a família tia Rose teve que ir, tambem tinha uma  família a zelar, mas sempre que podia voltava.
Bernardo não sorriu mais e Carlinhos que era brincalhão, ficou serio de repente, ainda saía com os amigos para se divertir, alias era o único que conseguia por ser jovem demais para ver da janela a vida passando.Sr Helio trancou a porta do quarto de Mara da Graça para evitar maiores transtornos e sempre pegava a esposa tentando abrir chorando e só acalmava com o abraço coletivo e depois conversavam bastante para distraí-la e acabavam mudando de assunto.

Sao Paulo...

A barriga estava bem grandinha e as roupas mal lhe serviam, ele jogou algumas camisas que ficaram como um vestido para ela que sempre teve um corpo esguio de menina, mesmo gravida via-se apenas barriga.Deveria ter ganhado pouco peso ou suficiente para o bebê, ele trazia uma sacola por semana com alimentos básicos e deixava la para que ela pudesse se virar.Algumas vezes arrumava a casa quando não estava presa, geralmente só trancava nos fundos se fosse receber visitas, mas mantinha portas e janelas fechadas com enormes cadeados e madeira que era disfarçados com cortinas escuras e frias.Ela não tomava sol e era tratada como se fosse um bicho, ou muito pior que isso.
Certa noite ele amordaçou e a trancou no quartinho porque iria receber a visita dos pais e não poderiam ouvir nenhum barulho e assim fez...Orgulhosos ficaram ao ver o apartamento limpo e organizado, parecia fazer jus ao dinheiro que recebia pagando uma boa empregada.O porteiro não sabia de nada, nunca mais vira a moça e era de praxe o entra e sai de mulheres, alem de grandiosas gorjetas que calavam seu silencio.

Uma noite escura e sem lua, Gracinha olhava da frecha da janela o céu escuro e viu uma estrela cadente, ela  passou a mão na barriga mostrando seu amor eterno pelo filho e cantou bem baixinho...

"Eu vi uma estrela cadente, passando na minha janela, eu vi uma estrela cadente, fiz um pedido pra ela...E a musica foi interrompida quando ela fechou os olhos e fez um pedido em seguida prosseguiu...Eu pedi um planeta em paz, pra gente viver.E imaginou pessoas brigando, gritando no meio de uma  guerra com muito barulho de tiroteio, imaginou crianças morrendo e sendo cobertas por sacos pretos, fumaças,  macas e ambulâncias em outros países incluindo homens bombas matando inocentes.

...Eu pedi por quem sonha e quem faz tudo acontecer...                  

E ela imaginou Deus de braços abertos estendidos prontos para abraçar o mundo iluminando a terra....Eu pedi por um raio de luz, para o mundo ver, que no escuro a esperança da gente...E ela não imaginou a aquela noite escura e viu um céu azul,  lindo, um mar cheio de ondas e pôde imaginar ate um por do sol lindo como se fosse uma pintura na tela, mas tudo se apagou na sua frente e voltou a se ver sozinha percebeu que não era dia e nem tinha pôr do sol algum.Dos seus olhos caíram lagrimas e continuou com a musca ...Meu coração pede felicidade, pra essa estrela cadente e foi dormir.

No dia seguinte...

O sol invadiu a janela,ela acordou e sorriu apesar das circunstancias, verificou se a porta estava trancada e se ainda estava em casa ou se já teria saído como sempre e teve sorte e foi ate a cozinha.Por um estante esquecera de todo sofrimento aproveitou e limpou a casa porque sujeira ninguém merecia,  nem mesmo ele, mesmo porque estavam dividindo o mesmo ambiente e poderia fazer mal ao bebê.Quando percebeu já era noite e estava exausta  ia direto para o quartinho ouviu barulho das chaves na porta, apressou os passos mais foi vista,ele estava muto bêbado e agressivo repetindo que não precisava dela porque tinha todas que quisesse aos seus pés e disse:

_Quando esse pirralho sair da sua barriga vou coloca lo em alguma porta de igreja e você vai voltar para onde nunca deveria ter saído, seus pais nem vão imaginar que você teve um filho guria.

_Jamais deixarei meu filho em algum lugar você ta louco.Foi então que ele lhe deu um empurrão e ela cau bateu a cabeça na quina da mesinha de mármore da sala e desmaiou.Ele tri-bêbado tentou verificar se ela tinha pulso, pois o lugar da batida sangrava muito mesmo assim resmungou:
Ah vou sair e quando eu voltar esta guria já vai estar acordada, to me preocupando atoa. Saiu tao apressado que acabou esquecendo a porta aberta.Maria da Graça ali caída no chão e horas depois despertou sonolenta passou a mão no lugar que doía se sujou de sangue imediatamente passou a mão na barriga e ficou aliviada em saber que estava  bem porque acabava de falar com ela através de carinhosos chutes na barriga ela sorriu mesmo ferida estava feliz, fechou os olhos dizendo graças a Deus!Em seguida se levantou para ir ate o banheiro para lavar daquele sangue seco no rosto, pescoço e roupa e depois foi dormir com a mão protegendo a barriga e conseguiu dormir.Bem cedinho na ponta dos pés foi ver se o crápula ainda estava em casa e percebeu a porta entre aberta e não pensou duas vezes saiu com a roupa do corpo e com muito medo de encontra-lo no meio do corredor não quis descer no elevador preferindo as escadas sentindo fortes dores no pé da barriga.E quando chegou na portara viu o Benjamim porteiro conversando ao telefone achou melhor não confiar, já que poderia ser cúmplice de Thales...