sábado, 9 de janeiro de 2016

A VOLTA DA PRINCESA DESAPARECIDA





                   Em uma caverna cheia de teias de aranha, morcegos voando para todos os lados e tudo mais que aterroriza qualquer pessoa comum, ouço um choro e, pareço ouvir mesmo um choro estranho e resolvi olhar.
                   Vi uma pessoa sentada em uma grande pedra, me parece uma...  e é mesmo uma bruxa. E quando ela se virou eu levei um susto. É uma bruxa, é aquela Keka, feia e horripilante a mais feia de todas.
                   Mas, por que será que ela está chorando?
                   Será que se arrependeu de todas as maldades que ensinou para a criançada?
                   Ou são lágrimas de crocodilo?
                   Vamos esperar pra saber.
                   Eu nunca tinha ouvido falar que bruxas choravam. - quem falou tudo isso, não deu para ver direito eram apenas dois pontinhos no meio da escuridão mas com uma voz.
                   Mas, o que é isso?
                   -Será que eu vi direito? Uma criança? Dentro da caverna da Keka? Uma criança não, uma pequena bruxa e não é tão feia quanto  a ... e ela se virou e vi melhor, era uma linda menina bruxa com chapéu, roupa e tudo mais que encanto, que nariz, que beleza tem essa menina de rosto angelical.
                   E por que será que ela está mexendo nas coisas da Keka, naqueles vidros coloridos que saem fumaça? Ah, deve ser porque a Keka acabou de sair com sua vassoura e ainda posso ver o rastro lá em cima e um cheiro bem ruim no ar. Credo!
                   Ah! Deve ter ido fazer mais uma das suas maldades por ai.
                   De repente... Ouço um grito horrível.
                   Aaaaaaaaaai!!!!
-          O que  é que está acontecendo por aqui?
E logo jogou um raio que quebrou um quadro que estava pendurado, do dedão feio e comprido agora saem raios. Credo!
Mas não acertou a menina, não sei como, mas usou uma varinha e desapareceu. Essa eu não entendi, coisas de bruxa eu acho. Então a Keka falou: - não agüento mais, porque aquela praga da minha irmã boa, eca! Kebula morreu e me deixou um bilhete com essa menina melequenta, e eu nem sabia que tinha uma irmã, eu heim!
                    E ela se lembrou do dia e do bilhete.
  "Keka, por favor cuide da minha filha, comi alguma coisa estragada e dessa vez é o meu fim. Adeus " de sua irmã Kebula.
                   Ela deu uma risada escandalosa pela parte da comida estragada e depois comeu o bilhete de raiva e arregalando os olhos, era de dá medo.
-                                    Que gosto ela tinha heim! E que castigo o meu, tenho que acabar logo com essa menina, só não sei como. Irmã, irmã nada, meio irmã. Eu lá sou irmã de bruxa boa, e ainda que fosse aquela bruxa da Branca de Neve, há!há!há!. Todas as experiências que eu ensino pra ela dão errado, nem para aprender ela serve. Ah, vou lá na caverna do esqueleto, aquele inimigo do He-man vê se ele tem alguma coisa bem ruim para eu acabar com ela. É claro que vou entrar escondido e pegar, se eu pedisse eu estaria sendo boa, e boa eu não sou nunca. Ah, Há! há!há!há!
                 Eu demorei aparecer para vocês porque eu viajei muito longe para ir atrás da Kebula, talvez ela estaria mentindo e fui levar a pirralha de volta, e ela morava lá onde o Judas perdeu as botas, as meias e o resto. Mas estou de volta e quero ver quem é que vai encher mais o saco do que eu. Ah! Há!há! há! há . Vou dar uma saidinha!
                   Pegou sua vassoura e saiu voando tão longe que a perdi de vista.
                    Então um pássaro vem em direção à menina  e fala: - menina bruxa, menina bruxa, a sua tia já saiu.
                  Eba! Eba! Agora posso continuar com a minha varinha posso mudar todas as fórmulas secretas do livro das bruxarias. Assim minha tia não faz mais maldades para nenhuma criança, ela odeia crianças! Espere ai, essa voz desse grande pássaro, acho que já ouvi em algum lugar, deixe ver se eu posso vê-lo melhor. Espere aí, pássaro, é um papagaio! É o Louro José, aquele da Rede Globo da Ana Maria Braga, eu tô por dentro da realidade. O que será que ele veio fazer aqui no fim do mundo? Eu, hem! Por aqui acontecem mesmo coisas muito estranhas.
                     Ah, deixa ver se eu entendi. A bruxa Keka tem uma sobrinha bonita que além de tudo é boa e desfaz as bruxarias da tia? Que legal!
                     Teve uma vez que Keka dormia e a pirralhinha colocou o ridículo dedo da tia dentro da pimenta, assim quando ela colocou o dedo no nariz ardeu tanto que ela saiu como um furacão correndo por toda a caverna, e a menina bruxa fazia isso toda vez que ela dormia jogada ali perto, assim nunca mais tem enfiado o dedo no nariz. Keka nem percebeu que tirou o hábito de enfiar o dedo no nariz, 'limpar o salão' como dizia a bruxa. Que coisa feia, hem!
                 Ah, invés de pernas de aranha, asas de morcego, o Louro José trazia de longe, coisas iguais mais comestíveis, de chocolate, ele disse que de onde ele veio tudo se copia, nada se cria, imitando o original. Keka estava sendo enganada, mais comia e não percebia.
                  Keka pensa que a menina bruxa além de ser burra é muda e surda. Ela faz sinais e se mata para a menina entender e a menina pensa: " Que mico é esse agora, essa não! Era só o que me faltava".
                   A menina bruxa fala sim, mas só com os bichinhos da floresta que agora são seus novos amigos, e quando sua tia aparece, os bichos ficam imóveis como se fossem de brinquedos.
                   - Menina, vamos conversar sério. Quando é que você vai falar com a sua tia, que você fala. De boba você não tem nada!
                   Ela pensa que eu não sei ler e deixa todos os livros de bruxarias jogados, assim eu sempre faço isso, olha só.
                   - Nossa! A varinha dela agora virou um tinteiro como de antigamente e faz a letras serem iguais as do livro. Que interessante!
                   - Qualquer dia você empresta essa va...menina, menina, sua tia vem vindo, corra fica lá onde você estava, vamos logo, eu vou dá o fora.
                   - Espere, eu vou fazer você virar um brinquedo.
                   O Louro José olhou de um buraco dos muitos  que tinha na caverna, e a Keka: - ô menina chata, está no mesmo lugar desde a hora em que sai até agora. [E olhou o seu ridículo relógio de 15 cm. ]
Acho que ela está com problema de vista. Também com tantos anos ninguém sabe ao certo, se mil ou dois mil anos. Se fosse contar pelo tamanho da verruga no nariz, ou pelas rugas, Ah! Deixa pra lá.
Keka sentou-se na poltrona, se embaraçando nas teias de aranha e disse que ia tirar uma soneca e até sonhava com tanta maldade para fazer, que sorria até mesmo dormindo, que derrota disse o papagaio ao vê-la suspirando, roncando e sorrindo.
Outro dia Keka falou: vou fazer um barulho pra ver se ela escuta mesmo ou se está mentindo e fez o pior de todos os barulhos que o Louro José tremeu tanto, mais que gelatina na colher quase na hora de entrar n a boca. E a menina sem se mexer do lugar.
A bruxa Keka é tão burra, mais tão burra que falou antes de fazer o barulho, a menina fez uma mágica e fez aparecer tampões nos ouvidos e depois do barulho os fez desaparecer. Daí saiu andando novamente, como se nada tivesse acontecido, e Keka até passou a mão nos próprios ouvidos e balançou e quase ficou surda. Também deu um livro com as letras A,E,I, O, U e  menina olhava e não falava nada. A Keka lia o A como se fosse o I, e o i como se fosse o u, e o u como se fosse um E e a menina fazia gesto que tentava ler não conseguia, e saiu correndo e a Keka dava gargalhadas, e dizia: - adoro meninos que não sabem ler.
  Nas idéias de Keka, a menina não sabe nem ler, nem ouvir e muito menos falar. - menos mau. Ah! Há!há!há.
Um outro dia, a menina combinou com o Louro José, que se fizessem tanta bagunça, talvez ela a fizesse arrumar a caverna, ela ia arriscar, mas não agüentava mais tanta bagunça que era fácil de fazer, misturou um pouco disso no chão, e disso nas mesas, e derrubou o caldeirão, e espalhou os livros e...
-Ah! O que é isso agora?
E fazendo sinais falou com a boca mesmo, se vira e arruma tudo isso já! Eu não gosto de limpeza mais você é porca demais, se você não arrumar tudo isso vai dormir lá fora entendeu?
A menina bruxa balançou a cabeça que sim e arregalou os olhos fingindo estar assustada.
- Eu vou sair de novo e quando eu voltar...
Com a ajuda da varinha tudo foi ficando lindo e limpo, tinha uma poltrona que...nossa! Que beleza, vou levar essa varinha lá prá casa, assim eu não preciso arrumar aquela bagunça e ainda posso alugar ela para as empregadas domésticas e vou ganhar uma grana, vou ficar rico!
  -Louro José! Como você é folgado, eu ouvi tudo.
  - Brincadeirinha, mas se você quiser a gente divide a grana menina.
  - Pára essa piada não colou, já acabei vamos pro meu quarto.
Ao chegar já ouviu o grito, aaaaai!!!! Primeiro ela gritou, xingou e disse que não gostou, depois... Até que não ficou tão ruim assim, e esse cheirinho de.... Ah, não sei o que eu tô dizendo mais gostei. Nossa! Eu nem sabia que aquela poltrona estava tão suja assim. A melequenta deve ter passado horas lavando e imaginou a menina com roupa de empregada fazendo a faxina.
Em seguida ela sorriu e fez cara de deboche. Depois bagunçou um pouco os potes só para não ficar tão bom assim. Quanto mais a menina bruxa fazia mudar os livros, menos Keka conseguia fazer suas maldades, nem com o vizinho, nem com os pobres bichos que ela prendia em uma jaula.
Ela prendeu um tigre e num piscar de olhos ele virou um gatinho e ainda fez miau... E ela gritou, fora daqui, fora, fora, chispa! Keka foi ver a menina que dormia em cima de colchão velho e a bruxa pensou que ela dormia de cansada de tanto trabalhar e riu muito alto e a menina abriu o olho e piscou para o Louro José. E Keka se foi e falando em voz alta, tenho que acabar com essa meleca de menina logo, mas talvez ela pode ser útil... e ser minha escrava.
Ah,há! Há ! há!  Há! Há ! há.
-          Que risada escandalosa, deve de estar tramando alguma coisa - disse o papagaio.
Esta tarde o Louro chegou cansado com os bofes pra fora e custou falar, pois tinha um pacote no bico.
-          Tira o pacote do bico, quem sabe você consegue falar melhor, hem!
-          É mesmo, me esqueci do pacote.
-          O que tem dentro?
-          São sementes, fui buscar lá onde eu cai um dia, lá também tinha uma cueca e essas meias furadas.
-          Sementes de quê?
-                     De muita coisa olha só. Vamos plantar, fazer uma horta, um pomar, use sua varinha vamos lá no fundo do quintal.
E plantaram, o Louro ajudou até se cansar. E ...espere menina, vamos embora, sua tia vai perceber que você demorou! E os dois foram e chegaram cansados só que o Louro com o ar preso parecendo engolir o ar. E Keka imaginou, o quê que essa menina chata faz por ai, eu não vejo ela comer nada e não tá tão magra assim. E a minha sopa de miolos de macacos não é tão ruim assim, e provou com uma colher de pau enorme e nem fez cara boa e o suco então, misturava isso com aquilo, parecia uma água suja e bebia e ali mesmo ela caia e dizia: - Eca! Acho que exagerei nos pêlos de bicho preguiça e me deu um sono, acho que vou tirar uma soneca.
A menina bruxa colocou muito maracujá, os dois pirralhos riram bem baixinho para não acordar a bruxa. Enquanto Keka dormia, parecia sonhar com um sorvete e mastigava, lambia uma coisa horrível ( uma coisa horrorosa como diria o Didi).
                   A menina fez uma cara de que teve uma idéia. Ah! tive uma idéia, vou fazer uma mímica pedindo para tomar banho, não agüento mais essas roupas sujas e fedidas. Vamos lá no pântano, vou me sujar de tudo que tiver, assim que eu estiver bem suja eu volto. Vamos lá, Louro José?
-          O que que você me pede sorrindo, que eu não faço chorando?
E foram e chegando lá, o papagaio só olhava, não quis entrar na dança, ou melhor, na lama negra. E o papagaio só dando opinião, e se o seu plano dá errado você está perdida, ou melhor, fedida mesmo e até espirrou pelo mal cheiro, ali era  lama do porco espinho. Keka viu a menina chegando com o papagaio na pontinha dos dedos para não sujá-lo. A Keka deu um grande grito e fez mímica ao mesmo tempo. A menina tinha sujado todo o chão e a bruxa deu um empurrãozinho na menina que deixou o papagaio de brinquedo cair e bater na parede. Nossa! Essa doeu e ele viu estrelinhas perto da sua cabeça.  Então a menina fez mímica tipo, posso tomar banho?
-  Pode não, deve! Ô menina porca, é pior que eu, pelo menos isso ela tem de bom.
Keka não sabia, mas a menina foi tomar banho em um grande caldeirão e com sais de banho. Ela olhou do buraco e ficou com inveja do banho e pensou: ela deve ter arrastado esse caldeirão, tem mais de trezentos anos que eu aposentei ele. Ah! Qualquer dia eu vou tomar um banho nele para experimentar eca, mais faz um tempão que eu não tomo banho, ah, pra quê, se estou ótima assim. Ah, há! Há!há há! Tenho que pensar no congresso das bruxas, é hoje a meia-noite e não posso faltar. Não sei o que usar deixa eu ver. Apertou  um botão na parede e veio uma arara de vestidos horríveis, cada um pior que outro e ela dava gargalhadas. E os chapéus e as botas então, credo! Um vento lhe trouxe jogando quase nas mãos uma página de uma revista, como se fosse um panfleto.
A última moda das bruxas dos Estados Unidos.
- Nossa que brega esse daqui, e esse então, esse então, não é tão ruim, e os meus não estão, tão velhos assim, e eu que sou uma bruxa chique, não posso ficar pra trás. Espere aí, deixe eu olhar lá fora pra ver quem me jogou este papel. E olhou pela janela, pelo buraco que parecia janela, viu um rastro no céu, parecia de uma vassoura. Mas, era de um avião a jato que passou e ela falou:
- Ah, deve ser aquela bruxa metida que me odeia, só porque sou linda, deixe eu acabar de me arrumar, epa! Estou sentido um cheirinho de gambá, deve ser os meus braços, eca! Até os meus ouvidos sentiram esse cheiro ruim, mas vou sem banho, assim no teste de mal cheiro eu ganho de todas, não vou me preocupar com bobeira, vou vestir esse mesmo tá horrível, é esse mesmo. E a  melequinha chata da minha sobrinha, vou ter que levá-la. Vou levá-la como se fosse uma aprendiz. Vou falar que ela é assim feia que foi eu que fiz, ah, há!háhá!há. E a puxou pelos braços, sentaram na vassoura e lá vamos nós....
E no caminho a vassoura falhou, desceram e tentou fazer alguma mágica e nada, " Raios" o que está acontecendo com os meus poderes, vou ter que ir lá em casa buscar outra, lá tinha um monte  que eu comprei em uma liquidação e voltaram pelo meio da noite a pé e arrastando a menina bruxa, e quase.... Keka quase pisou em um passarinho e ela o  ouviu pedir por socorro. E continuou andando... Ah, o quê que é isso agora, estou ouvindo uma meleca de um passarinho me pedindo socorro ela suspirou e não conseguiu andar mais do que cinco passos, de tanto ouvir o grito do bichinho voltou se abaixou e o pegou com má vontade.
- Droga, essa menina não ia escutar nunca e eu não estava agüentando ouvir choramingos chegando em casa, ou melhor na caverna... foi direto procurar uns trapos velhos e fazer uma tala na asa do passarinho e disse: eu não sou tão covarde assim de comer bicho machucado, fique bom logo e depois você vai para a panela pirralho, e cala a boca! A menina virou-se pro lado e deu um sorriso meia boca, achando legal a atitude da tia.
Keka não sabia, mas esse era o seu primeiro gesto de carinho desde que ela nasceu. A menina pensou, se todas as mães são boas, as bruxas não nascem bruxas, nascem mulheres, nascem bebê? Eu nem sabia que essa minha tia bruxa já foi criança, deve ter azucrinado os ouvidos da mãe dela, coitada...
 Vamos logo pirralha, não quero me atrasar, suba logo na vassoura e lá vamos nós...
Lá no salão de eventos era mesmo muito assustador. Cada bruxa pior que a outra, e tinha uma gigante mesa com banquetes estranhos de arrepiar os cabelos, e o barulho que se ouvia das gargalhadas coletivas então, nossa! Cada bruxa tinha que fazer uma demonstração de um invento.
Uma mostrou um gato preto falante que era inteligente e chamava Raul. A outra mostrou um mosquito que virou na hora um corvo que voltou pro seu ombro, era um espião. Uma outra levou um sapo, que virou na hora um homem, que ela o chamou de querido e beijou na boca, ele coaxava como soluço e esticava a língua e comia moscas.
-          E você, Keka, trouxe o quê?
-          É... e...e... eu trouxe essa pirralha aqui. E deu um empurrão e a menina bruxa deu uns três passos forçados.
-          O quê que você ensinou de especial.
-          Nada, quero dizer.
-          Nossa! O que aconteceu? Você é demais Keka.
-            Sou. Ah, Sou mesmo é claro que sou! E arregalou os olhos sem entender o que aconteceu. A menina bruxa fez sair dos olhos da tia, um raio multicor e a Keka ficou com todo o mérito. Ela mesmo não viu nada, tudo acontecia enquanto as outras bruxas se distraíram, e agora todas a respeitam como se ela fosse a melhor de todas as bruxas.
                Keka que já é feia ficou metida e fez ar de deboche e pensou, eu não fiz nada, será que só delas olharem para aquela cara feia da pirralha elas se assustaram?
                   Finalmente, chegou a hora do grande ritual. E uma fila de bruxas ia colocando uma porção diferente no caldeirão enorme e saindo bolhas barulhentas e fumaça e todas cantavam....
                 Sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, unheco, nheco, ôbala, querepulha, sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, unheco, nheco, nheco, ôbala, ôbala, querepulha, e assim por diante. Quando chegou a vez de Keka colocar a sua porção, algo brilhou, o que será que ela jogou lá dentro?
                  A menina bruxa também jogou, só que foram porções de chocolate disfarçados de alguma coisa ruim, quando cada uma pegou uma colher de pau e tomava um gole da sopa fazendo barulho, davam uma gargalhada daquelas.
                   E mais uma vez a menina bruxa sorriu disfarçando que estava tossindo. E as bruxas foram sentindo um calor horrível. Uma bruxa começou a tirar um vestido que estava atrás de outro e por baixo de outro e quando acabaram uma pilha de vestidos sobrou um corpo magrelo, com corpete de bolinha anos antigo e ainda tinha um furo e fazia todas as outras caírem na risada. Uma outra, jogou longe a peruca e estava totalmente careca e dizia: - Faz mais de mil anos que a minha linda cabeleira caiu e não agüentava mais usar essa peruca que comprei na loja mais chique dos Estados Unidos.
-          Sim.
-          Ah! Eu também trouxe um negócio a febre do momento.
-          O que é mostra logo mocréia, mostra logo, esses DVD, escutem só
-          Creu! Creu! Creu! Creu! Creu ! E dançou rebolando fazendo as outras rirem. E você exibida trouxe o quê?
-          Eu trouxe isso!
-          Ah, mais o que é isso.
-          Isso é o meu diploma, sou estilista, a mais chique dos Estados Unidos, olhem só uma coleção de outono/ Inverno!
E mostrou cada vestido lindo e as bruxas ficaram de boca aberta.
-          Isso aqui é a última moda.
-          Gloss, gloss é melhor que batom.
-          É mesmo.
-          Isso aqui é sutiã com enchimento e esse é  só de silicone.
-          Oh! Oh! Oh!
            E isso aqui nos meus olhos são máscara para cílios, olhem só. E balançou pra lá e pra cá, abriu e fechou os olhos. Eu agora sou uma bruxa fashion week.
-                                 Você aceita cheque?
-                                 De jeito nenhum, só cartão de crédito.
               A menina bruxa fez ar de deboche e colocou a mão no queixo. E o papo acabou, era hora de irem embora. Cada uma pegou a sua vassoura e lá vamos nós...
Era bruxa pra lá e pra cá, umas tão rápidas que só dava para ver no radar. Sim até na caverna da Keka tem um radar e o Louro tá lá vigiando pra ver como estava o tráfego de vassouras no céu, só que o Louro não vigiava, ele cochilava e as duas chegaram. A menina puxou o Louro pela pena e o levou para o quartinho.
                   -Ah, tô morta! Vou dormir uns dois dias e vou começar agora. E caiu ali mesmo, como se de pára-quedas, quando a menina já ia dormir escutou a tia falando meio dormindo. " Menina chata, amanhã eu quero um bom café da manhã, se vire, eu mereço'"
E o Louro: - me conte tudo como foi, não quiseram me levar, foi uma derrota, não foi?
                   Veja você mesmo como foi. E a menina bruxa colocou uma tela na parede da caverna e ele pode ver tudo e riram bastante. A menina mal acordou e já ouvia o barulhos dos gritos da tia do ronco da barriga dela, " Melequenta, vá preparar o meu café, estou com muita fome, mas vá voando".
                   E a menina e foi junto com o Louro José e  a horta e o pomar estavam prontos. Os dias para as bruxas são como anos e tudo está bem farto, todas as frutas da época. O papagaio ajudou a colher com o bico e depois deles comerem bastante, ela fez aparecer um saco e os dois num passe de mágica apareceram na caverna, e com mesa já posta.
                   Então a menina bruxa foi até a tia e a cutucou até que ela acordasse e levou um susto daqueles.
-                                 Aaaaiiii! Que meleca de menina chata. O quê que foi dessa vez, porque enche tanto o meu saco.
 E a menina fez sinal de que o café está pronto e mostrou para a mesa.
- Pelo menos isso, não é? Pelo menos isso. Essa menina deve ter feito um estrago na colheita de alguém por ai e não tô nem ai. Eu quero mesmo é comer bem, faz bem pra minha pele, ficar assim linda ah, há!Há!Há!Há!Há. e comeu com a boca aberta, deixando cair pedaços e caldos, era melhor ela usar um babador. - disse o Louro José - ô derrota essa bruxa!
        - Eca! Que porcalhona. -respondeu a menina.
-          Nossa! Ela comeu tudo o que estava na mesa, até o guardanapo se tivesse ela comia.
E de longe eles ouviam:
-          Aaaaiiii!!! Aaaaaaiii!!! Não agüento nem me mexer do lugar, minha barriga está doendo, tá inchada, não consigo nem ir ao banheiro.
E os gases, credo! Eram como bombas!
E os dois riam e a Keka nem ouvia.
                   A menina aproveitou para acabar de fazer as últimas letras do livro e  varinha fazia tudo, a menina só olhava o tinteiro e o pergaminho. Ela aproveitou para colocar um espelho perto da cama da Keka, só que era um espelho mágico  algo ia acontecer quando ela olhasse, antes tinha um espelho tão sujo que embaçava tudo, e lá perto tinha tudo que uma pessoa normal poderia ter de esquisito.
                   Aqueles vestidos obsoletos foram desaparecidos e no lugar, só vestidos claros, azuis, rosas, salmon, branco, dourado, cada um mais lindo que o outro.
                   Até mesmo o que ela usava enquanto dormia desapareceu, ela estava mesmo nua debaixo do cobertor velho e furado, mas como num passe de mágica virou um edredom perfumado e quando ela acordava, sentia um cheiro de amaciante no edredom e abriu os olhos e disse: - credo, o que é isso. Cadê as minhas roupas, não me lembro de ter tirado, essa cama, Ah! Vou dormir mais um pouco que tô sonhando e acordou e deu um daqueles gritos arrepiantes e saiu com o edredom no corpo indo até seus vestidos e vestiu um bem rapidinho que nem reparou o que vestia.
                   E quando chegou perto da menina que ficou com a boca aberta ao vê-la tão rápido com um dos lindos vestidos e a transformação que uma roupa faz., nem parecia ser uma....e foi olhada dos  pés a cabeça, falar em pés o que que é isso? Aqueles pés horríveis e pontudos com unhas de metros, está diminuindo e virando um pé normal e a s mãos, nossa! Ela abria e fechava parecendo gostar das novas mãos, e ela foi correndo até o espelho e se viu chorando desesperada, e suas lágrimas eram como tintas molhando e escorrendo e pingando no chão, e caía um pedaço de pele, e por baixo vinha uma pele branca limpa e sem rugas, o nariz ridículo pontudo sim, horrivelmente feio, não tinha verrugas e foi diminuindo e ficou normal. E os cabelos, nossa! Não eram pretos, cheios e espantosos de bruxa, eram loiros, finos e os olhos negros agora, já não são negros, são azuis, e ela está se parecendo com a ...  - O que está acontecendo? Falou essa mulher de dentro da bruxa, com voz doce e suave, que não me é estranha.
                   - Não entendi, eu estava dentro de uma...e daí ela viu o passarinho com a asinha quebrada, ela o pegou, passou a mão na cabeça dele, deu um beijo e lhe tirou a tala e disse: 
-                                    Você já deve esta bem, não é, filhotinho, pode ir, você agora é livre.
Quando ele ia voando, ela sentiu o coração bater mais forte e fechou os olhos, parecia sorrir ao vê-lo indo para ser livre. E o passarinho se transformava em um lindo homem e quando os dois se olhavam.
                   Eu vi  o cupido jogando duas flechas ali e voando, saindo de fininho.
E nos olhos deles era como se tivesse dois corações, como de amor à primeira vista.
            A menina bruxa presenciou tudo e colocou uma tela na sua frente e ela pode ver aquele passarinho pedindo ajuda e vendo-a ajudar alguém, ou alguma coisa pela primeira vez, e, suspirou porque isso era um milagre. Mostrou também o dia em que o príncipe foi enfeitiçado quando tomou apenas um copo de água e virou um pássaro que voou por todos os lados até se perder na floresta e cair de uma árvore e ser amparado pela bruxa Keka, que mostrou ter o seu primeiro sentimento da bruxa, que na verdade não era bem uma. Mostrou também pessoas, muitas pessoas gritando por Ângela, Ângela e procurando.... mas não é aqui na floresta, é em outro lugar que... - sim, disse  menina bruxa. Você é Ângela, foi enfeitiçada por uma bruxa muito má, que se disfarçou e te maquiou no dia do grande baile.
-          Que grande baile?!
-          O baile que seus pais estavam dando para a chegada do seu noivo, o príncipe.
Arthur Jr. e Ângela olhou para  o jovem rapaz e a menina bruxa disse:
-          Sim, esse é o príncipe que você ia conhecer no baile.
Ambos suspiraram aliviados; e  daí o telão virou um portal e dava para ver um lindo
Castelo como da Disney em Orlando e tinha um imenso jardim.
                   E a menina Bruxa ainda falou: - Ângela, eu não sou a sua sobrinha.
-          É, eu pensava que você não falava, mas....
-          Eu fui mandada para te ajudar, ninguém podia entrar naquela caverna, lembra como você era?
-          Claro que me lembro, mas quanto tempo você acha que eu fiquei lá.
-          Muito menos que você imagina.
-          Mas, quem é você?
-          Eu, eu sou uma fada, meu nome é Estrela. Você não reparou que eu tinha uma carinha mágica?
-          Não, nem reparei.
E  a fadinha Estrela começou a tirar aquele vestido preto de bruxa e embaixo tinha asas e um lindo vestido e balançou suas asas. O chapéu caiu com o vento deixando livre o seu cabelo.
                        Quando a fadinha Estrela começou a voar - Espere aí, baixinha, já ia sem se despedir de mim?  Como eu posso te agradecer por tudo que fez por mim, me dê um abraço.
                        E as duas se abraçaram e a fadinha voou e gritou:  - sendo feliz, sendo feliz!!! E voou tão alto que só se via um brilho lá no alto que piscou e ela voltou e disse:  - entrem logo no portal, vai se fechar.
-  Espere ai, e eu fico como?
Quem disse isso?
-Eu, o Louro José.
-Mas, você não era de...
-Sim, Louro José você vai acabar suas férias no lugar que nunca deveria ter saído.
-Até logo, pessoal! Até as minhas próximas férias.
E num passe de mágica a menina o fez desaparecer. E do nada, ele foi caindo, caindo e caiu em cima de uma piscina de criança cheia de água, engasgou um pouco e disse:
-Valeu, hem!
Quando ele olhou que estava na casa dele deu um sorriso e... essa foi quase, vou maneirar no meu próximo roteiro de viagem e deu um espirro e disse: ô derrota!
                   E do outro lado do portal ....
                   O príncipe colocou os pés e deu a mão à princesa, ao esticar a mão ele deu um suave beijo e ela já ia descendo e quase caiu e foi amparada por ele que a abraçou bem apertado.
                   Depois eles olharam pra cima e vêem uma estrela, a mais brilhante de todas e ela pisca e Ângela disse que a menina era mesmo a fada mais linda que já viu. E no caminho até o castelo, muitas pessoas vinham em direção à princesa, crianças a abraçaram. Alguns diziam: graças a Deus a princesa está bem.
                   Então entraram no castelo e foram recebidos com uma grande salva de palmas e foram abraçados pelos seus pais, a majestade o Rei e os outros seus subalternos.
                    O Rei Arthur também estava presente com sua esposa a Rainha Rosemary. E ali mesmo o vestido que já era bonito começou a ser fiado com fios de ouro, tinham muitos e muitos brilhinhos como os de vaga-lumes, mas eram pequenas fadinhas fiavam um vestido de princesa digno da princesa Ângela era tudo tão rápido que todos ficavam abismados com tanta beleza. Até a coroa mudou, era tão linda, mais tão linda.
     E então, o príncipe pediu a honra dessa dança. E os dois rodopiando no centro do castelo, dançando a valsa mais linda que todo o castelo ouviu, uma música nunca antes ouvida, e os dois dançando se beijaram no salão.
                                



                                             Fim


                                                                                                      Mayala Morenna 

                                                                                     (imagem do google)              


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