Em uma caverna cheia de teias
de aranha, morcegos voando para todos os lados e tudo mais que aterroriza
qualquer pessoa comum, ouço um choro e, pareço ouvir mesmo um choro estranho e
resolvi olhar.
Vi uma pessoa sentada em uma
grande pedra, me parece uma... e é mesmo
uma bruxa. E quando ela se virou eu levei um susto. É uma bruxa, é aquela Keka,
feia e horripilante a mais feia de todas.
Mas, por que será que ela
está chorando?
Será que se arrependeu de
todas as maldades que ensinou para a criançada?
Ou são lágrimas de crocodilo?
Vamos esperar pra saber.
Eu nunca tinha ouvido falar
que bruxas choravam. - quem falou tudo isso, não deu para ver direito eram
apenas dois pontinhos no meio da escuridão mas com uma voz.
Mas, o que é isso?
-Será que eu vi direito? Uma
criança? Dentro da caverna da Keka? Uma criança não, uma pequena bruxa e não é
tão feia quanto a ... e ela se virou e
vi melhor, era uma linda menina bruxa com chapéu, roupa e tudo mais que
encanto, que nariz, que beleza tem essa menina de rosto angelical.
E por que será que ela está
mexendo nas coisas da Keka, naqueles vidros coloridos que saem fumaça? Ah, deve
ser porque a Keka acabou de sair com sua vassoura e ainda posso ver o rastro lá
em cima e um cheiro bem ruim no ar. Credo!
Ah! Deve ter ido fazer mais
uma das suas maldades por ai.
De repente... Ouço um grito
horrível.
Aaaaaaaaaai!!!!
-
O que
é que está acontecendo por aqui?
E logo jogou um raio que quebrou um quadro que estava
pendurado, do dedão feio e comprido agora saem raios. Credo!
Mas não
acertou a menina, não sei como, mas usou uma varinha e desapareceu. Essa eu não
entendi, coisas de bruxa eu acho. Então a Keka falou: - não agüento mais,
porque aquela praga da minha irmã boa, eca! Kebula morreu e me deixou um
bilhete com essa menina melequenta, e eu nem sabia que tinha uma irmã, eu heim!
E ela se lembrou do dia e do bilhete.
"Keka, por favor
cuide da minha filha, comi alguma coisa estragada e dessa vez é o meu fim.
Adeus " de sua irmã Kebula.
Ela deu uma risada
escandalosa pela parte da comida estragada e depois comeu o bilhete de raiva e
arregalando os olhos, era de dá medo.
-
Que gosto ela tinha heim! E que castigo o
meu, tenho que acabar logo com essa menina, só não sei como. Irmã, irmã nada,
meio irmã. Eu lá sou irmã de bruxa boa, e ainda que fosse aquela bruxa da
Branca de Neve, há!há!há!. Todas as experiências que eu ensino pra ela dão
errado, nem para aprender ela serve. Ah, vou lá na caverna do esqueleto, aquele
inimigo do He-man vê se ele tem alguma coisa bem ruim para eu acabar com ela. É
claro que vou entrar escondido e pegar, se eu pedisse eu estaria sendo boa, e
boa eu não sou nunca. Ah, Há! há!há!há!
Eu demorei aparecer para vocês
porque eu viajei muito longe para ir atrás da Kebula, talvez ela estaria
mentindo e fui levar a pirralha de volta, e ela morava lá onde o Judas perdeu
as botas, as meias e o resto. Mas estou de volta e quero ver quem é que vai
encher mais o saco do que eu. Ah! Há!há! há! há . Vou dar uma saidinha!
Pegou sua vassoura e saiu
voando tão longe que a perdi de vista.
Então um pássaro vem em direção à menina e fala: - menina bruxa, menina bruxa, a sua
tia já saiu.
Eba! Eba! Agora posso
continuar com a minha varinha posso mudar todas as fórmulas secretas do livro
das bruxarias. Assim minha tia não faz mais maldades para nenhuma criança, ela
odeia crianças! Espere ai, essa voz desse grande pássaro, acho que já ouvi em
algum lugar, deixe ver se eu posso vê-lo melhor. Espere aí, pássaro, é um
papagaio! É o Louro José, aquele da Rede Globo da Ana Maria Braga, eu tô por
dentro da realidade. O que será que ele veio fazer aqui no fim do mundo? Eu,
hem! Por aqui acontecem mesmo coisas muito estranhas.
Ah, deixa ver se eu entendi. A bruxa Keka tem
uma sobrinha bonita que além de tudo é boa e desfaz as bruxarias da tia? Que
legal!
Teve uma vez que Keka dormia e a pirralhinha
colocou o ridículo dedo da tia dentro da pimenta, assim quando ela colocou o
dedo no nariz ardeu tanto que ela saiu como um furacão correndo por toda a
caverna, e a menina bruxa fazia isso toda vez que ela dormia jogada ali perto,
assim nunca mais tem enfiado o dedo no nariz. Keka nem percebeu que tirou o
hábito de enfiar o dedo no nariz, 'limpar o salão' como dizia a bruxa. Que
coisa feia, hem!
Ah, invés de pernas de aranha,
asas de morcego, o Louro José trazia de longe, coisas iguais mais comestíveis,
de chocolate, ele disse que de onde ele veio tudo se copia, nada se cria,
imitando o original. Keka estava sendo enganada, mais comia e não percebia.
Keka pensa que a menina bruxa
além de ser burra é muda e surda. Ela faz sinais e se mata para a menina
entender e a menina pensa: " Que mico é esse agora, essa não! Era só o que
me faltava".
A menina bruxa fala sim, mas
só com os bichinhos da floresta que agora são seus novos amigos, e quando sua
tia aparece, os bichos ficam imóveis como se fossem de brinquedos.
- Menina, vamos conversar
sério. Quando é que você vai falar com a sua tia, que você fala. De boba você
não tem nada!
Ela pensa que eu não sei ler
e deixa todos os livros de bruxarias jogados, assim eu sempre faço isso, olha
só.
- Nossa! A varinha dela agora
virou um tinteiro como de antigamente e faz a letras serem iguais as do livro.
Que interessante!
- Qualquer dia você empresta
essa va...menina, menina, sua tia vem vindo, corra fica lá onde você estava,
vamos logo, eu vou dá o fora.
- Espere, eu vou fazer você
virar um brinquedo.
O Louro José olhou de um buraco dos
muitos que tinha na caverna, e a Keka: -
ô menina chata, está no mesmo lugar desde a hora em que sai até agora. [E olhou
o seu ridículo relógio de 15
cm . ]
Acho que ela está com problema de vista. Também com tantos
anos ninguém sabe ao certo, se mil ou dois mil anos. Se fosse contar pelo
tamanho da verruga no nariz, ou pelas rugas, Ah! Deixa pra lá.
Keka sentou-se na poltrona, se embaraçando nas teias de
aranha e disse que ia tirar uma soneca e até sonhava com tanta maldade para
fazer, que sorria até mesmo dormindo, que derrota disse o papagaio ao vê-la
suspirando, roncando e sorrindo.
Outro dia Keka falou: vou fazer um barulho pra ver se ela
escuta mesmo ou se está mentindo e fez o pior de todos os barulhos que o Louro José
tremeu tanto, mais que gelatina na colher quase na hora de entrar n a boca. E a
menina sem se mexer do lugar.
A bruxa Keka é tão burra, mais tão burra que falou antes de
fazer o barulho, a menina fez uma mágica e fez aparecer tampões nos ouvidos e
depois do barulho os fez desaparecer. Daí saiu andando novamente, como se nada
tivesse acontecido, e Keka até passou a mão nos próprios ouvidos e balançou e
quase ficou surda. Também deu um livro com as letras A,E,I, O, U e menina olhava e não falava nada. A Keka lia o
A como se fosse o I, e o i como se fosse o u, e o u como se fosse um E e a
menina fazia gesto que tentava ler não conseguia, e saiu correndo e a Keka dava
gargalhadas, e dizia: - adoro meninos que não sabem ler.
Nas idéias de
Keka, a menina não sabe nem ler, nem ouvir e muito menos falar. - menos mau.
Ah! Há!há!há.
Um outro dia, a menina combinou com o Louro José, que se
fizessem tanta bagunça, talvez ela a fizesse arrumar a caverna, ela ia
arriscar, mas não agüentava mais tanta bagunça que era fácil de fazer, misturou
um pouco disso no chão, e disso nas mesas, e derrubou o caldeirão, e espalhou
os livros e...
-Ah! O que é isso agora?
E fazendo sinais falou com a boca mesmo, se vira e
arruma tudo isso já! Eu não gosto de limpeza mais você é porca demais, se você
não arrumar tudo isso vai dormir lá fora entendeu?
A menina bruxa balançou a cabeça que sim e arregalou os
olhos fingindo estar assustada.
- Eu vou sair de novo e quando eu voltar...
Com a ajuda da varinha tudo foi ficando lindo e limpo,
tinha uma poltrona que...nossa! Que beleza, vou levar essa varinha lá prá casa,
assim eu não preciso arrumar aquela bagunça e ainda posso alugar ela para as
empregadas domésticas e vou ganhar uma grana, vou ficar rico!
-Louro José! Como
você é folgado, eu ouvi tudo.
- Brincadeirinha, mas
se você quiser a gente divide a grana menina.
- Pára essa piada não
colou, já acabei vamos pro meu quarto.
Ao chegar já ouviu o grito, aaaaai!!!! Primeiro ela gritou,
xingou e disse que não gostou, depois... Até que não ficou tão ruim assim, e
esse cheirinho de.... Ah, não sei o que eu tô dizendo mais gostei. Nossa! Eu
nem sabia que aquela poltrona estava tão suja assim. A melequenta deve ter
passado horas lavando e imaginou a menina com roupa de empregada fazendo a
faxina.
Em seguida ela sorriu e fez cara de deboche. Depois bagunçou
um pouco os potes só para não ficar tão bom assim. Quanto mais a menina bruxa
fazia mudar os livros, menos Keka conseguia fazer suas maldades, nem com o
vizinho, nem com os pobres bichos que ela prendia em uma jaula.
Ela prendeu um tigre e num piscar de olhos ele virou um
gatinho e ainda fez miau... E ela gritou, fora daqui, fora, fora, chispa! Keka
foi ver a menina que dormia em cima de colchão velho e a bruxa pensou que ela
dormia de cansada de tanto trabalhar e riu muito alto e a menina abriu o olho e
piscou para o Louro José. E Keka se foi e falando em voz alta, tenho que acabar
com essa meleca de menina logo, mas talvez ela pode ser útil... e ser minha
escrava.
Ah,há! Há ! há! Há! Há
! há.
-
Que risada escandalosa, deve de estar
tramando alguma coisa - disse o papagaio.
Esta tarde o Louro chegou cansado com os bofes pra fora e
custou falar, pois tinha um pacote no bico.
-
Tira o pacote do bico, quem sabe você
consegue falar melhor, hem!
-
É mesmo, me esqueci do pacote.
-
O que tem dentro?
-
São sementes, fui buscar lá onde eu cai um
dia, lá também tinha uma cueca e essas meias furadas.
-
Sementes de quê?
-
De muita coisa olha só. Vamos plantar, fazer
uma horta, um pomar, use sua varinha vamos lá no fundo do quintal.
E plantaram, o Louro ajudou até se cansar. E ...espere
menina, vamos embora, sua tia vai perceber que você demorou! E os dois foram e
chegaram cansados só que o Louro com o ar preso parecendo engolir o ar. E Keka
imaginou, o quê que essa menina chata faz por ai, eu não vejo ela comer nada e
não tá tão magra assim. E a minha sopa de miolos de macacos não é tão ruim
assim, e provou com uma colher de pau enorme e nem fez cara boa e o suco então,
misturava isso com aquilo, parecia uma água suja e bebia e ali mesmo ela caia e
dizia: - Eca! Acho que exagerei nos pêlos de bicho preguiça e me deu um sono,
acho que vou tirar uma soneca.
A menina bruxa colocou muito maracujá, os dois pirralhos
riram bem baixinho para não acordar a bruxa. Enquanto Keka dormia, parecia
sonhar com um sorvete e mastigava, lambia uma coisa horrível ( uma coisa
horrorosa como diria o Didi).
A menina fez uma cara de que
teve uma idéia. Ah! tive uma idéia, vou fazer uma mímica pedindo para tomar
banho, não agüento mais essas roupas sujas e fedidas. Vamos lá no pântano, vou
me sujar de tudo que tiver, assim que eu estiver bem suja eu volto. Vamos lá,
Louro José?
-
O que que você me pede sorrindo, que eu não
faço chorando?
E foram e chegando lá, o papagaio só olhava, não quis entrar
na dança, ou melhor, na lama negra. E o papagaio só dando opinião, e se o seu
plano dá errado você está perdida, ou melhor, fedida mesmo e até espirrou pelo
mal cheiro, ali era lama do porco
espinho. Keka viu a menina chegando com o papagaio na pontinha dos dedos para
não sujá-lo. A Keka deu um grande grito e fez mímica ao mesmo tempo. A menina
tinha sujado todo o chão e a bruxa deu um empurrãozinho na menina que deixou o
papagaio de brinquedo cair e bater na parede. Nossa! Essa doeu e ele viu estrelinhas
perto da sua cabeça. Então a menina fez
mímica tipo, posso tomar banho?
- Pode não, deve! Ô
menina porca, é pior que eu, pelo menos isso ela tem de bom.
Keka não sabia, mas a menina foi tomar banho em um grande
caldeirão e com sais de banho. Ela olhou do buraco e ficou com inveja do banho
e pensou: ela deve ter arrastado esse caldeirão, tem mais de trezentos anos que
eu aposentei ele. Ah! Qualquer dia eu vou tomar um banho nele para experimentar
eca, mais faz um tempão que eu não tomo banho, ah, pra quê, se estou ótima
assim. Ah, há! Há!há há! Tenho que pensar no congresso das bruxas, é hoje a
meia-noite e não posso faltar. Não sei o que usar deixa eu ver. Apertou um botão na parede e veio uma arara de vestidos
horríveis, cada um pior que outro e ela dava gargalhadas. E os chapéus e as
botas então, credo! Um vento lhe trouxe jogando quase nas mãos uma página de
uma revista, como se fosse um panfleto.
A última moda das bruxas dos Estados Unidos.
- Nossa que brega esse daqui, e esse então, esse então, não é
tão ruim, e os meus não estão, tão velhos assim, e eu que sou uma bruxa chique,
não posso ficar pra trás. Espere aí, deixe eu olhar lá fora pra ver quem me
jogou este papel. E olhou pela janela, pelo buraco que parecia janela, viu um
rastro no céu, parecia de uma vassoura. Mas, era de um avião a jato que passou
e ela falou:
- Ah, deve ser aquela bruxa metida que me odeia, só porque
sou linda, deixe eu acabar de me arrumar, epa! Estou sentido um cheirinho de
gambá, deve ser os meus braços, eca! Até os meus ouvidos sentiram esse cheiro
ruim, mas vou sem banho, assim no teste de mal cheiro eu ganho de todas, não
vou me preocupar com bobeira, vou vestir esse mesmo tá horrível, é esse mesmo.
E a melequinha chata da minha sobrinha,
vou ter que levá-la. Vou levá-la como se fosse uma aprendiz. Vou falar que ela
é assim feia que foi eu que fiz, ah, há!háhá!há. E a puxou pelos braços,
sentaram na vassoura e lá vamos nós....
E no caminho a vassoura falhou, desceram e tentou fazer
alguma mágica e nada, " Raios" o que está acontecendo com os meus
poderes, vou ter que ir lá em casa buscar outra, lá tinha um monte que eu comprei em uma liquidação e voltaram
pelo meio da noite a pé e arrastando a menina bruxa, e quase.... Keka quase
pisou em um passarinho e ela o ouviu
pedir por socorro. E continuou andando... Ah, o quê que é isso agora, estou
ouvindo uma meleca de um passarinho me pedindo socorro ela suspirou e não
conseguiu andar mais do que cinco passos, de tanto ouvir o grito do bichinho
voltou se abaixou e o pegou com má vontade.
- Droga, essa menina não ia escutar nunca e eu não estava
agüentando ouvir choramingos chegando em casa, ou melhor na caverna... foi
direto procurar uns trapos velhos e fazer uma tala na asa do passarinho e
disse: eu não sou tão covarde assim de comer bicho machucado, fique bom logo e
depois você vai para a panela pirralho, e cala a boca! A menina virou-se pro
lado e deu um sorriso meia boca, achando legal a atitude da tia.
Keka não sabia, mas esse era o seu primeiro gesto de carinho
desde que ela nasceu. A menina pensou, se todas as mães são boas, as bruxas não
nascem bruxas, nascem mulheres, nascem bebê? Eu nem sabia que essa minha tia
bruxa já foi criança, deve ter azucrinado os ouvidos da mãe dela, coitada...
Vamos logo pirralha, não
quero me atrasar, suba logo na vassoura e lá vamos nós...
Lá no salão de eventos era mesmo muito assustador. Cada bruxa
pior que a outra, e tinha uma gigante mesa com banquetes estranhos de arrepiar
os cabelos, e o barulho que se ouvia das gargalhadas coletivas então, nossa!
Cada bruxa tinha que fazer uma demonstração de um invento.
Uma mostrou um gato preto falante que era inteligente e
chamava Raul. A outra mostrou um mosquito que virou na hora um corvo que voltou
pro seu ombro, era um espião. Uma outra levou um sapo, que virou na hora um
homem, que ela o chamou de querido e beijou na boca, ele coaxava como soluço e
esticava a língua e comia moscas.
-
E você, Keka, trouxe o quê?
-
É... e...e... eu trouxe essa pirralha aqui.
E deu um empurrão e a menina bruxa deu uns três passos forçados.
-
O quê que você ensinou de especial.
-
Nada, quero dizer.
-
Nossa! O que aconteceu? Você é demais Keka.
-
Sou. Ah, Sou mesmo é claro que sou! E
arregalou os olhos sem entender o que aconteceu. A menina bruxa fez sair dos
olhos da tia, um raio multicor e a Keka ficou com todo o mérito. Ela mesmo não
viu nada, tudo acontecia enquanto as outras bruxas se distraíram, e agora todas
a respeitam como se ela fosse a melhor de todas as bruxas.
Keka que já é feia ficou metida
e fez ar de deboche e pensou, eu não fiz nada, será que só delas olharem para
aquela cara feia da pirralha elas se assustaram?
Finalmente, chegou a hora do
grande ritual. E uma fila de bruxas ia colocando uma porção diferente no
caldeirão enorme e saindo bolhas barulhentas e fumaça e todas cantavam....
Sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, unheco, nheco, ôbala, querepulha,
sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, unheco, nheco, nheco, ôbala, ôbala,
querepulha, e assim por diante. Quando chegou a vez de Keka colocar a sua
porção, algo brilhou, o que será que ela jogou lá dentro?
A menina bruxa também jogou, só que foram porções de chocolate
disfarçados de alguma coisa ruim, quando cada uma pegou uma colher de pau e
tomava um gole da sopa fazendo barulho, davam uma gargalhada daquelas.
E mais uma vez a menina bruxa
sorriu disfarçando que estava tossindo. E as bruxas foram sentindo um calor
horrível. Uma bruxa começou a tirar um vestido que estava atrás de outro e por
baixo de outro e quando acabaram uma pilha de vestidos sobrou um corpo magrelo,
com corpete de bolinha anos antigo e ainda tinha um furo e fazia todas as
outras caírem na risada. Uma outra, jogou longe a peruca e estava totalmente
careca e dizia: - Faz mais de mil anos que a minha linda cabeleira caiu e não
agüentava mais usar essa peruca que comprei na loja mais chique dos Estados
Unidos.
-
Sim.
-
Ah! Eu também trouxe um negócio a febre do
momento.
-
O que é mostra logo mocréia, mostra logo,
esses DVD, escutem só
-
Creu! Creu! Creu! Creu! Creu ! E dançou
rebolando fazendo as outras rirem. E você exibida trouxe o quê?
-
Eu trouxe isso!
-
Ah, mais o que é isso.
-
Isso é o meu diploma, sou estilista, a mais
chique dos Estados Unidos, olhem só uma coleção de outono/ Inverno!
E mostrou cada vestido lindo e as bruxas ficaram de boca
aberta.
-
Isso aqui é a última moda.
-
Gloss, gloss é melhor que batom.
-
É mesmo.
-
Isso aqui é sutiã com enchimento e esse
é só de silicone.
-
Oh! Oh! Oh!
E isso aqui nos meus olhos são
máscara para cílios, olhem só. E balançou pra lá e pra cá, abriu e fechou os
olhos. Eu agora sou uma bruxa fashion week.
-
Você aceita cheque?
-
De jeito nenhum, só cartão de crédito.
A menina bruxa fez ar de deboche
e colocou a mão no queixo. E o papo acabou, era hora de irem embora. Cada uma
pegou a sua vassoura e lá vamos nós...
Era bruxa pra lá e pra cá, umas tão rápidas que só dava para
ver no radar. Sim até na caverna da Keka tem um radar e o Louro tá lá vigiando
pra ver como estava o tráfego de vassouras no céu, só que o Louro não vigiava,
ele cochilava e as duas chegaram. A menina puxou o Louro pela pena e o levou
para o quartinho.
-Ah, tô morta! Vou dormir uns
dois dias e vou começar agora. E caiu ali mesmo, como se de pára-quedas, quando
a menina já ia dormir escutou a tia falando meio dormindo. " Menina chata,
amanhã eu quero um bom café da manhã, se vire, eu mereço'"
E o Louro: - me conte tudo como foi, não quiseram me levar,
foi uma derrota, não foi?
Veja você mesmo como foi. E a
menina bruxa colocou uma tela na parede da caverna e ele pode ver tudo e riram
bastante. A menina mal acordou e já ouvia o barulhos dos gritos da tia do ronco
da barriga dela, " Melequenta, vá preparar o meu café, estou com muita
fome, mas vá voando".
E a menina e foi junto com o
Louro José e a horta e o pomar estavam
prontos. Os dias para as bruxas são como anos e tudo está bem farto, todas as
frutas da época. O papagaio ajudou a colher com o bico e depois deles comerem
bastante, ela fez aparecer um saco e os dois num passe de mágica apareceram na
caverna, e com mesa já posta.
Então a menina bruxa foi até
a tia e a cutucou até que ela acordasse e levou um susto daqueles.
-
Aaaaiiii! Que meleca de menina chata. O quê
que foi dessa vez, porque enche tanto o meu saco.
E a menina fez sinal de que o café está pronto
e mostrou para a mesa.
- Pelo menos isso, não é? Pelo menos isso. Essa menina deve
ter feito um estrago na colheita de alguém por ai e não tô nem ai. Eu quero
mesmo é comer bem, faz bem pra minha pele, ficar assim linda ah,
há!Há!Há!Há!Há. e comeu com a boca aberta, deixando cair pedaços e caldos, era
melhor ela usar um babador. - disse o Louro José - ô derrota essa bruxa!
- Eca! Que
porcalhona. -respondeu a menina.
-
Nossa! Ela comeu tudo o que estava na mesa,
até o guardanapo se tivesse ela comia.
E de longe
eles ouviam:
-
Aaaaiiii!!! Aaaaaaiii!!! Não agüento nem me
mexer do lugar, minha barriga está doendo, tá inchada, não consigo nem ir ao
banheiro.
E os gases,
credo! Eram como bombas!
E os dois
riam e a Keka nem ouvia.
A menina aproveitou para
acabar de fazer as últimas letras do livro e
varinha fazia tudo, a menina só olhava o tinteiro e o pergaminho. Ela
aproveitou para colocar um espelho perto da cama da Keka, só que era um espelho
mágico algo ia acontecer quando ela
olhasse, antes tinha um espelho tão sujo que embaçava tudo, e lá perto tinha
tudo que uma pessoa normal poderia ter de esquisito.
Aqueles vestidos obsoletos
foram desaparecidos e no lugar, só vestidos claros, azuis, rosas, salmon,
branco, dourado, cada um mais lindo que o outro.
Até mesmo o que ela usava
enquanto dormia desapareceu, ela estava mesmo nua debaixo do cobertor velho e
furado, mas como num passe de mágica virou um edredom perfumado e quando ela
acordava, sentia um cheiro de amaciante no edredom e abriu os olhos e disse: -
credo, o que é isso. Cadê as minhas roupas, não me lembro de ter tirado, essa
cama, Ah! Vou dormir mais um pouco que tô sonhando e acordou e deu um daqueles
gritos arrepiantes e saiu com o edredom no corpo indo até seus vestidos e
vestiu um bem rapidinho que nem reparou o que vestia.
E quando chegou perto da
menina que ficou com a boca aberta ao vê-la tão rápido com um dos lindos
vestidos e a transformação que uma roupa faz., nem parecia ser uma....e foi
olhada dos pés a cabeça, falar em pés o
que que é isso? Aqueles pés horríveis e pontudos com unhas de metros, está
diminuindo e virando um pé normal e a s mãos, nossa! Ela abria e fechava
parecendo gostar das novas mãos, e ela foi correndo até o espelho e se viu chorando
desesperada, e suas lágrimas eram como tintas molhando e escorrendo e pingando
no chão, e caía um pedaço de pele, e por baixo vinha uma pele branca limpa e
sem rugas, o nariz ridículo pontudo sim, horrivelmente feio, não tinha verrugas
e foi diminuindo e ficou normal. E os cabelos, nossa! Não eram pretos, cheios e
espantosos de bruxa, eram loiros, finos e os olhos negros agora, já não são
negros, são azuis, e ela está se parecendo com a ... - O que está acontecendo? Falou essa mulher
de dentro da bruxa, com voz doce e suave, que não me é estranha.
- Não entendi, eu estava
dentro de uma...e daí ela viu o passarinho com a asinha quebrada, ela o pegou,
passou a mão na cabeça dele, deu um beijo e lhe tirou a tala e disse:
-
Você já deve esta bem, não é, filhotinho,
pode ir, você agora é livre.
Quando ele
ia voando, ela sentiu o coração bater mais forte e fechou os olhos, parecia
sorrir ao vê-lo indo para ser livre. E o passarinho se transformava em um lindo
homem e quando os dois se olhavam.
Eu vi o cupido jogando duas flechas ali e voando,
saindo de fininho.
E nos olhos
deles era como se tivesse dois corações, como de amor à primeira vista.
A menina bruxa presenciou tudo e
colocou uma tela na sua frente e ela pode ver aquele passarinho pedindo ajuda e
vendo-a ajudar alguém, ou alguma coisa pela primeira vez, e, suspirou porque
isso era um milagre. Mostrou também o dia em que o príncipe foi enfeitiçado
quando tomou apenas um copo de água e virou um pássaro que voou por todos os
lados até se perder na floresta e cair de uma árvore e ser amparado pela bruxa
Keka, que mostrou ter o seu primeiro sentimento da bruxa, que na verdade não
era bem uma. Mostrou também pessoas, muitas pessoas gritando por Ângela, Ângela
e procurando.... mas não é aqui na floresta, é em outro lugar que... - sim,
disse menina bruxa. Você é Ângela, foi
enfeitiçada por uma bruxa muito má, que se disfarçou e te maquiou no dia do
grande baile.
-
Que grande baile?!
-
O baile que seus pais estavam dando para a
chegada do seu noivo, o príncipe.
Arthur Jr.
e Ângela olhou para o jovem rapaz e a
menina bruxa disse:
-
Sim, esse é o príncipe que você ia conhecer
no baile.
Ambos suspiraram aliviados; e
daí o telão virou um portal e dava para ver um lindo
Castelo
como da Disney em Orlando e tinha um imenso jardim.
E a menina Bruxa ainda falou:
- Ângela, eu não sou a sua sobrinha.
-
É, eu pensava que você não falava, mas....
-
Eu fui mandada para te ajudar, ninguém podia
entrar naquela caverna, lembra como você era?
-
Claro que me lembro, mas quanto tempo você
acha que eu fiquei lá.
-
Muito menos que você imagina.
-
Mas, quem é você?
-
Eu, eu sou uma fada, meu nome é Estrela.
Você não reparou que eu tinha uma carinha mágica?
-
Não, nem reparei.
E a fadinha Estrela
começou a tirar aquele vestido preto de bruxa e embaixo tinha asas e um lindo
vestido e balançou suas asas. O chapéu caiu com o vento deixando livre o seu
cabelo.
Quando a fadinha Estrela
começou a voar - Espere aí, baixinha, já ia sem se despedir de mim? Como eu posso te agradecer por tudo que fez
por mim, me dê um abraço.
E as duas se abraçaram e
a fadinha voou e gritou: - sendo feliz,
sendo feliz!!! E voou tão alto que só se via um brilho lá no alto que piscou e
ela voltou e disse: - entrem logo no
portal, vai se fechar.
- Espere ai, e eu fico como?
Quem disse
isso?
-Eu, o
Louro José.
-Mas, você
não era de...
-Sim, Louro
José você vai acabar suas férias no lugar que nunca deveria ter saído.
-Até logo,
pessoal! Até as minhas próximas férias.
E num passe de mágica a menina o fez desaparecer. E do nada,
ele foi caindo, caindo e caiu em cima de uma piscina de criança cheia de água,
engasgou um pouco e disse:
-Valeu,
hem!
Quando ele olhou que estava na casa dele deu um sorriso e...
essa foi quase, vou maneirar no meu próximo roteiro de viagem e deu um espirro
e disse: ô derrota!
E do outro lado do portal
....
O príncipe colocou os pés e
deu a mão à princesa, ao esticar a mão ele deu um suave beijo e ela já ia
descendo e quase caiu e foi amparada por ele que a abraçou bem apertado.
Depois eles olharam pra cima
e vêem uma estrela, a mais brilhante de todas e ela pisca e Ângela disse que a
menina era mesmo a fada mais linda que já viu. E no caminho até o castelo,
muitas pessoas vinham em direção à princesa, crianças a abraçaram. Alguns diziam:
graças a Deus a princesa está bem.
Então entraram no castelo e
foram recebidos com uma grande salva de palmas e foram abraçados pelos seus
pais, a majestade o Rei e os outros seus subalternos.
O Rei Arthur também estava presente com sua
esposa a Rainha Rosemary. E ali mesmo o vestido que já era bonito começou a ser
fiado com fios de ouro, tinham muitos e muitos brilhinhos como os de
vaga-lumes, mas eram pequenas fadinhas fiavam um vestido de princesa digno da
princesa Ângela era tudo tão rápido que todos ficavam abismados com tanta
beleza. Até a coroa mudou, era tão linda, mais tão linda.
E então, o príncipe
pediu a honra dessa dança. E os dois rodopiando no centro do castelo, dançando
a valsa mais linda que todo o castelo ouviu, uma música nunca antes ouvida, e
os dois dançando se beijaram no salão.
Fim
(imagem do google)
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