domingo, 10 de janeiro de 2016

Mania Feia (ficção)

    
                
No primeiro dia de aula, a professora Xuxa fez a apresentação da turminha e tudo ocorreu como o esperado. Muito legal todos se divertiram como todo inicio de aula, era hora de falar serio com as regras de sempre, mas que são ignoradas. Nada de conversa durante a aula, para isto temos à hora do recreio, entenderam?

Sim professora! Responderam todos juntos.
 E então continuando explicando tim tim por tim tim  as regras, mentiras é o pior defeito de uma pessoa, não importa a idade.
Evitem ir ao banheiro atoa, a não ser que seja necessário, do contrario quando for verdade e eu não acreditar em vocês seria melhor trazerem uma roupa extra. Muitos não disfarçaram o riso.
_O segredo para ser um bom aluno é prestar atenção e aprender, é só perguntar o que não entendeu e eu explicarei novamente.
Durante a conversa nem todos prestaram atenção e será um longo caminho até conhecer a fundo cada aluno. Os antigos estão sempre aprendendo coisas novas que interferem no aprendizado, já os novatos uma caixinha de surpresa.
Mas no meio deles há um estranho ou que se acha diferente, não conversa com ninguém, não se mistura já os outros gostam mesmo é de aparecer.
_tia a minha borracha sumiu!
_mas Aninha, procure direito, talvez esteja em sua mochila.
_eu não fui.
_nem eu.
_eu também não fui, por que eu tenho duas olha aqui!
Mas tudo bem é melhor deixar para lá, depois a gente acha e te devolve ok.
No dia seguinte...
_tia, sumiu o meu lápis de escrever.
_eu não fui.
_nem eu.
_eu também não fui.
A professora apanhou um lápis de reserva que sempre trazia na bolsa e entregou ao coleguinha, ninguém pode ficar sem escrever por falta de lápis.                             
Atoa, ninguém pode ficar...
Mas virou rotina, todo dia desaparece alguma coisa, desde borracha ao lanche até mesmo dinheiro da merenda.
A professora ficou preocupada e comentou com a diretora dona Alda, que sugeriu que fizessem uma revista em cada mochila, é errado fazer longe dos alunos para que um não ficasse debochando o outro, chamando de ladrão ou de qualquer outro apelido chato é melhor evitar.
Na hora da educação física todos iam para a quadra se divertiam com uma boa corrida em volta da quadra e depois de muitos exercícios...
Enquanto isso na sala de aula para a surpresa da professora e diretora tudo que havia desaparecido há dias estava na mochila de um  menino, mas deixam exatamente onde estava e preferiram observar por mais alguns dias antes de chamar os pais dele.
 Os dias se passam...
O menino que prefiro não citar o nome, novamente com a mania feia de pegar as coisas dos outros.  
Já chamaram os pais em particular e até agora nada de mudanças.
Os outros alunos já perceberam embora a professora tenha interferido dizendo que talvez fosse outra pessoa. E sempre some isso ou aquilo e a mochila do menino estava pesada de tanta coisa que não era dele.
Um dia o menino olhou se tinha alguém olhando, como não havia ninguém entrou na secretaria que estava vazia, por que todas as professoras estavam socorrendo um aluno ferido que sangrava a testa ao cair da escada. O menino foi até lá e apanhou todo o dinheiro arrecadado durante a festa junina colocando-o dentro da calça, deixando a camisa para fora para disfarçar. O porteiro o viu ajeitando a roupa meio estranhoao sair. Depois de socorrerem o menino, cada um para sua sala de aula, acabou o recreio, embora muitas crianças ainda estivessem merendando. 
O sinal bateu, mas antes mesmo que os alunos se sentassem em seus lugares o sinal bateu novamente e ninguém entendeu nada, mas a diretora queria todos reunidos no pátio para ouvir que ela tinha para falar.
Não era dia do hino da bandeira nem do hino nacional, pois todas as segundas feiras é lei tocar o hino para que os alunos que ainda não sabem aprenderem, todo cidadão brasileiro, tem o dever de saber o hino espontaneamente, mas às vezes por obrigação.
Nem era véspera de feriado e os alunos curiosos para saber.
Os professores sabiam que o porteiro viu um aluno saindo da secretaria, e o menino foi chamado e não foi revistado, a policia já estava a guardando a chegada de seus pais que nunca freqüentava as reuniões, mas chegaram nervosos por saírem do trabalho.
Mas acharam melhor serem chamados para testemunhar o que ia acontecer talvez se contassem eles não acreditariam no pessoal da escola.
E os pais do menino foram pegos de surpresa, o dinheiro estava dentro da mochila do menino que abaixou a cabeça, talvez envergonhado, mas não chorou como qualquer outra criança faria ao ser mandado para o juizado de menores, pois a quantia era muito grande era inevitável tal procedimento.
Ficou onde ficam os menores infratores da sua idade, por alguns dias e recebeu orientações, para ser corrigido enquanto há tempo, mas...
Na verdade na escola anterior ele sempre fazia o mesmo, não tinha um bom histórico escolar, e nunca pediram fichas de descendentes criminais para alunos, pois o tal menino só tinha dez anos e já carregava a imagem de mania feia...
 Foi orientado por uma assistente social e perguntaram-lhe por que fazia isso
e ele nada respondeu. Se o apertasse para que ele falasse alguma coisa ele gritava derrubando as cadeiras e agredia qualquer um com socos e ponta pés apesar da sua pequena estatura não era apenas uma criança, era uma semente a caminho do mal.
Ficou lá eternado por trinta dias, quando saiu tinha autorização para voltar estudar, mas não quis ir para nenhuma escola.
Nunca quis ser um bom aluno e um bom filho muito menos e amigos nem pensar... 

Já não era mais um menino comum que gostasse de brincar de jogar bola, ou xadrez, pular corda etc.                                                                                                           
Apesar da pouca idade, roubava em sua própria casa, em pequenos mercadinhos na vizinhança, um chocolate aqui, um desodorante ali e muito mais...
Seus pais que não os ajudaram no começo, agora já não conseguiam manter as rédias do menino.
Um dia, quando sua mãe chegou do trabalho não podia sentar-se para descansar, pois ele tinha vendido o sofá.
Não podia cozinhar, pois ele vendera as panelas.
Não podia dormir, pois ele vendera a cama com colchão e tudo.
A mulher então chorava desesperada a espera do pai que por sinal hoje demorava a chegar.E quando chegou, acompanhado por policiais que queriam fazer uma busca na casa a procura de entorpecentes de qualquer procedência, mas lá não havia nada para ser revistado.
O tal menino foi reconhecido em  um roubo de banco com uma arma de grande porte na mão muito valiosa, estavam atrás do pai para saberem de onde teria tirado dinheiro para comprá-la , mas nem precisava falar, só em ver a casa vazia e a mãe aos prantos.
E agora por onde andará o tal menino?
Pela vida, pelo mundo a fora sem eira nem beira.
Mas quem entra por este caminho só encontra duas alternativas:
Cadeia e caixão, cadeia, ele já  experimentou e a cada vez que voltava  da cadeia era ainda pior, voltava mais agressivo de tanto apanhar dos outros menores piores que ele que tinha por lá.
Mas um dia...
Sua mãe estava dentro do ônibus cochilando por não dormir de tanto esperar noticias dele  nas esquinas da vida se despertou com um grito de assalto, era mais ou menos três ou quatro moleques vestidos com grandes casacos pretos com capuz e fortemente armados.                                                                                                             
Pediam relógios, celulares, dinheiros, sacolas de compras se fossem coisas boas, se fossem alimentos eles espalhavam tudo no chão, uma cena ilastimável e que não tinha dinheiro, nem nada ganhava uma tapa grosseiramente.
A mulher olhou assustada e reconheceu a voz  do filho apesar da estranha aparência, magro de dá pena, parecia não se alimentar a meses que tinha saído de casa e mal pode acreditar no que viu...
Mas o menino não reconheceu a própria mãe e continuou com a gatunagem, estava apalermado, sobre o efeito de drogas.
Quando um dos passageiros se levantou era um policial a paisana, e chamou reforço sem que os menores percebessem, /pensou que eram espertos e ágeis, mas...
Apareceram vários policiais e dois deles foram rendidos, mas o menino revidou dando tiros em qualquer lugar acertando em duas pessoas, incluindo um bebê, mas a policia acertou um dos meninos que acabou morrendo no local, e o tal menino da mania feia também foi baleado, mas foi socorrido a tempo pelo SAMU mesmo sendo um delinquente.
 Foi hospitalizado e ficou na unidade de terapia intensiva (U.T. I) a bala atingiu a medula óssea, e ele ficaria tetraplégico se sobrevivesse. E sobreviveu.Não foi preso graças a uma autorização dada pelo juiz que dona Alda e Xuxa conseguiram depois de muita luta, pois nas condições que se encontrara era quase uma prisão.Ficou sem as pernas em cima de uma cadeira de rodas e agora ele não tem mais nem  aquela e nem nenhuma outra mania.
As mãos não agem, não podem roubar, e ele só abre a boca tentando falar e só mexe os olhos.
Com o passar dos meses, fez fisioterapia e já conseguia balbuciar e pediu perdão a Deus por tudo, e desculpa a mãe que o perdoou com olhos cheios de lagrimas e com o coração apertado em velo daquele jeito, mas de certo modo, aliviada em saber que já não podia mais fazer maldade com ninguém depois da cena do ônibus, que nunca mais poderia ser esquecida. Hem alguns meses  com a ajuda da Professora Xuxa e a diretora  dona Alda da ex escola que quiseram acompanha-lo na vida e nas fisioterapias o ajudou tambem quando quis escrever com os lábios com uma caneta especial adaptada que elas compraram. 
Ele voltou a estudar, mas desta vez com muito empenho e a ajuda do tele curso. E agora passa ele passa o tempo todo na frente do computador. Com apenas quinze anos de idade escrevendo sozinho a sua própria história.
Já sofreu muito para aprender a corrigir o próprio erro e servir de exemplo para as crianças que estão querendo entrar no crime.E a história de Oliver, começa mais ou menos assim;

No primeiro dia de aula, a professora Xuxa fez a apresentação da turminha e tudo ocorreu como o esperado...



                                                                                                                            Mayala Morenna

                                                                                                           (imagem do google)                         

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