domingo, 24 de janeiro de 2016

A ponte magica segunda parte

 Seus pais já nem saiam de casa e ele voltava preocupado e descansava um pouco na velha esteira faltando corda, e assim trabalhava dia e noite. O capitão não deixava ninguém comer de graça mesmo sendo velho tinha obrigação de trabalhar se quisessem viver, por isso João se matava carregando lenhas e mais lenhas para trazer comida, era desumano. João apesar de crescido ainda não se alimentava direito, sabia que os pais precisavam se alimentar e adoeceram de tanto trabalhar e assim se sacrificando muitas vezes de fraqueza suas vistas escurecia e desmaiava de fome e ficava caído no meio mato perdendo algumas horas de trabalho até melhorar sozinho e se levantava e dava conta de que já estava tarde, mas os outros trabalhadores viam e fingiam não ver e pensavam que ele estava dormindo no trabalho. João imediatamente com toda força que lhe restara retornando ao trabalho e a cada machadada um suor escorrendo e um pedido para Deus, que lhe desse ainda mais força e  continuava trabalhando. Certa noite...
Sem nem lua no céu olhou para cima pensando na vida dura que tinha, enquanto descansava encostado nas toras de madeira antes de ir viu uma luzinha piscando, não se preocupou muito com certeza era um vaga-lumes, a luz aumentou na medida em que abria os olhos, ele limpou os olhos e observou melhor, talvez fosse uma estrela que caíra nesse fim de mundo, mas não dava para ver direito estava muito escuro. Fechou os olhos continuou descansando mais um pouquinho, então ouviu uma voz, doce chamar seu nome.
João! João! Logo pensou que uma voz tão doce não poderia ser uma voz do mal se levantou imediatamente para olhar melhor...
A luz parecia hipnotizar aquele menino crescido que saíra andando na escuridão que aumentava a cada passada tirando os obstáculos de galhos que o impedia de seguir mais rápido, e mais rápido, cada passo dado era iluminado e limpo como mágica. Eram galhos secos para lá e galhos secos para cá empilhando automaticamente sozinhos. Como se fossem mágicos, os galhos iam caindo se empilhando em duas altas fileiras para os dois lados do caminho e parecia ser cortada a machado de tão certinhos, ou um milhão de machadinhos.                                                                                                                               03
E em um piscar de olhos iam sendo empilhados ate formarem uma gigante pilha. Mas o menino grandalhão não ouvia nenhum barulho não e assim ia andando e andando sem se importar com as machadinhas fantasmas ou mágicas.
E na terra do nada, do nada apareceu uma ponte uma ponte tão longa mais tão longa que parecia não ter fim e João começou a andar sobre ela sem medo algum.
Durante a caminhada de João, do nada apareceu um telão que mostrava a vida de todos que eram escravizados desde ainda criança, talvez avós e  bisavôs também tivessem sido escravos do lugar sombrio.
Nas imagens, o tal capitão toda noite jogando produtos químicos na terra que impedia de nascer qualquer plantação, nunca teve no lugar se quer meteoro nem larvas de um vulcão.O capitão fazia isso para ser o único patrão e para ter dinheiro de montão, destruindo a natureza e a vida das pessoas, mas João hipnotizado continuou andando na ponte, como estava sempre descalço e com calças pega frango, sempre curtas, dinheiro para comprar nunca teve, nunca viu um vintém.
Até existia outra cidade bem longe dali e desde menino soubera que ninguém poderia atravessar do outro lado se não morreria nas mãos do capitão que só andava armado com espingardas.                        
Escolas, nunca ouviram falar, mas sabiam o que era o bem e o mau de tanto os mais velhos falarem e este ensinamento nunca esqueciam.
João não sabia o que estava acontecendo...
Já no final da ponte um barulho de crianças sorrindo o despertou, estava em um lugar muito estranho, seus pés calejados por tanto andar descalço agora eram pés pequenos e finos as calças curtas agora ficaram ideais, pois João voltou a ser criança. E bem no finzinho da ponte havia uma fada com uma varinha mágica que colocava um monte de letrinhas douradas embaralhadas que faziam cócegas nas crianças e num passe de mágica e alegria as letras brincando ensinando as crianças a lerem num passe de mágica. A, E, I, O e U!
Mais adiante uma viela de água limpa e azulzinha jamais vista e como saberia que era uma piscina nunca viu tanta água e no grande chafariz saiam águas dançantes, ele abria a boca   
 tentava resgatar cada pingo e com um largo sorriso errando e acertando engolindo e se molhando numa algazarra só e depois de ver ficou encantado. 

Um sininho tocou despertando a curiosidade de todas as crianças e nem precisava avisar que era hora do lanche, mas o menino Joãozinho não queria experimentar aqueles lanches estranhos ou diferente hambúrguer, cachorro quente, algodão doce, sorvete e pirulito de todas as cores. Seus olhinhos avistaram um banquete de comida, tudo que ele nunca havia nem mesmo sonhado, batatas fritas, saladas variadas, macarronada, bife, frango assado e até lasanha, mas quando o pequeno apanhou o prato para se servir foi direto no arroz, feijão e angu e se serviu, mas antes de comer, olhou para o céu  agradeceu a Deus em primeiro lugar por tanta comida e logo comeu. Depois provou um pouquinho de tudo com muita satisfação, provou um pouco disso ou daquilo e quis passear em uma bela e verde pracinha. 
Descansou um sono merecido como nunca tivera a chance de fazer. Acordou e foi brincar no trenzinho dando voltas pela cidade encantada em meio às risadas com a criançada. Era o lugar mais bonito que ele já viu o parque de diversões com carrossel, bate-bate e pula-pula e escorregava no tobogã gigante inflável. 

Sujava-se todo de algodão doce ao dividir com o amiguinho teve as mãos meladas depois lambidas. Joãozinho não tinha nenhuma lembrança do dia anterior, pelo menos agora é um menino feliz, mas quando a aurora estava quase chegando um sinal forte era dado, como um forte apito e todas as crianças voltassem a se hipnotizar e saiam em fila indiana em direção a ponte sem olhar para trás. E Joãozinho estava no meio, chegou não sei como e já esta entrando em casa, foi só o tempo de o dia clarear antes dos seus pais acordarem.João não se lembrara da noite anterior quando sua mãe o acordou  para mais uma longa jornada e lavou o rosto e na bacia um resto de água e quando a água parou de se mexer, viu novamente seu reflexo na água, percebeu que já era um homem feito e de grande bigode e barba e ainda cumpria ordens do tal capitão e pensou; Até quando, suspirou o coitado.
Vestiu sua camisa xadrez herdada de seu pai de quando ainda era moço, estava guardada juntamente com outros trapos que foram esquecidos pelas traças em um velho baú de madeira. Em seguida pediu a bênção o pai e benção a mãe e foi para a lida. Trabalhou, trabalhou e ganhou pelo esforço uma migalha de coisas que carregara em uma mão um alimento chorado e sofrido. 

Chegando a casa observou o pequeno barraco que era o mesmo de sempre.   


                                                                                                                     (imagem do google)

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